domingo, 30 de dezembro de 2012

O BRASIL E SEUS CONTRASTES ECONÔMICOS



O Brasil de dimensões geográficas incríveis é um país realmente de contrastes. Impressionantes municípios pequenos que detêm renda per capita maior que algumas capitais e o Índice de Desenvolvimento Humano-IDH não serem compatíveis com os recursos que arrecadam o que mostra que o dinheiro recebido por estes municípios não é bem empregado na melhoria da qualidade de vida da população. Como explicar, por exemplo, que São Francisco do Conde, aqui na Bahia, possua uma renda de R$ 296.885,00, e possua um baixo IDH? Alguma coisa está fora da ordem...
As autoridades fiscais deste país deveriam melhor acompanhar o uso desses recursos recebidos pelos Municípios, como também pensar na possibilidade de destinar parte destes recursos para municípios mais pobres/carentes do Nordeste, por exemplo.
Com mais dinheiro e fiscalização correta os pequenos Municípios brasileiros poderão melhorar sua infraestrutura, investir em educação, saúde, saneamento básico, segurança. Penso que com os municípios recebendo mais recursos fica mais fácil desenvolvê-los, ofertando mais oportunidades de crescimento e estudos para a população que, certamente não necessitará abandonar sua cidade para tentar a sorte nos grandes centros urbanos brasileiros, que sofrem com problemas crônicos como transporte, saúde deficitária, violência, drogas, etc.
O repórter Vladimir Platonow da Agência Brasil, publicou no ultimo dia 12 uma matéria sobre o assunto que transcrevo abaixo.
Wellington Souza.

Municípios campeões de renda per capita apresentam baixo IDH
12/12/2012 - 10h26
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os municípios que apresentam as maiores rendas per capita do país aparecem mal colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A situação paradoxal é explicada porque a renda per capita é resultado matemático simples da receita do município dividida pela população, sem levar em conta a distribuição dessa renda nem estatísticas sociais, como saúde ou educação.
O campeão da renda per capita é São Francisco do Conde (BA), com 33.172 habitantes e R$ 296.885,00 de renda per capita, mas que amarga a 2.743ª posição na lista do IDH dos municípios brasileiros. Os dados aparecem na pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (12).
A distorção acontece porque o município, com IDH de 0,714, tem uma população pequena, mas abriga uma das maiores refinarias do país. Em segundo lugar, na lista do IBGE, está Porto Real (RJ), com 16.574 habitantes e uma renda per capita de R$ 290.834,00. O IDH do município, que possui uma grande montadora de automóveis, é de 0,743, ocupando o 2.082º lugar no país.
Em terceiro lugar, o município de Louveira (SP) abriga centros de distribuição de grandes empresas, o que elevou o PIB per capita para R$ 239.951,00. São 37.153 mil habitantes, que usufruem um IDH de 0,80, o que os colocam na 565ª posição no país.
Em quarto, está o município de Confins (MG), com renda per capita de R$ 239.774,00 e IDH de 0,773, no 1.233º lugar, beneficiado pelas operações do aeroporto da cidade, que recebe a maior parte dos voos no estado. A cidade tem 5.943 habitantes. Na quinta posição, aparece Triunfo (RS), que abriga um polo petroquímico, com PIB per capita de R$ 223.848,00 e IDH de 0,788, em 869º lugar. O município tem 25.811 habitantes.
Entre as capitais, a maior renda per capita está em Vitória, com R$ 76.722,00, à frente de Brasília, com R$ 58.489,00. A boa posição da capital capixaba se explica pela baixa população, de um pouco mais de 325 mil habitantes, terceira menor do Brasil, e pelo Porto de Tubarão, por onde escoa boa parte do minério de ferro exportado pelo país. No ranking do IDH, Vitória está com 0,856, em 18º lugar. O Índice de Desenvolvimento Humano é organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os dados mais recentes têm como referência o Censo 2000. O organismo promete atualizar o índice utilizando dados do Censo 2010 no início do próximo ano.
Edição: Davi Oliveira
Fonte:

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FELIZ ANO NOVO!

 
 
FELIZ 2013!!!
 
 
Um ano novo, uma nova vida! Mais desafios para proteger o planeta e a vida. 
 
A cada amahecer, a cada pôr do sol, serão 365 dias para poluir menos, para usar os recursos naturais com sabedoria.
 
Engaje-se na luta para salvar o planeta e fazer da mãe terra um lugar melhor para todos.
 
Feliz 2013!
 
Wellington Souza
 
 
                

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

APRESENTAÇÃO


Oi



Sou Wellington Souza. Criei este blog para conversar sobre geografia, Meio ambiente, Gente, Natureza, Sociedade, Vida. Socializar fotografias dos trabalhos realizados na escola, dos pontos turísticos da cidade, dos alunos; publicar textos meus e de terceiros com as devidas credenciais dos autores e autoras.  

Sou professor da Rede Estadual de Ensino do Estado da Bahia, Licenciado em Geografia, Técnico Contábil e com experiência em vendas. Estou lotado na escola Estadual Centro Integrado de Educação do Conde-CIEC, no Município de Conde-BA. Nesta Unidade de Ensino de Grande porte, Atuei por 04 anos como vice-diretor e 08 anos Diretor geral. Leciono as disciplinas Sociologia, Geografia e Filosofia para classes do Ensino Médio Regular.

Preocupo-me muito com o planeta, com o meio ambiente, com o uso sustentável dos recursos naturais, principalmente por residir em uma cidade que possui um rico patrimônio natural (rios, lagoas, cachoeiras, praias – Sítio do Conde, Barra do Itariri, Siribinha, Poças, dos Aristas-). 

Em 2010 realizei o 1º Seminário sobre o Aquecimento Global, com a participação de pais, alunos, professores, comunidade, representantes da Empresa Baiana de Águas e Saneamento-EMBASA, Projeto TAMAR, Secretarias municipais de Educação, Turismo, Agricultura. Durante o Seminário, discutimos os problemas ambientais do Município, os efeitos das queimadas para o meio ambiente local e global, o aterro sanitário municipal, poluição do rio Itapicuru, a seleção do lixo; palestra sobre a Carta da Terra; Apresentações de dança; apresentação do filme “Uma Verdade Inconveniente”, entre outras atrações e discussões. No final, todos se comprometeram a reduzir  a poluição da cidade, fazendo cada um sua parte para a melhoria do planeta.

Espero contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta e para informar e conscientizar as pessoas da necessidade de preservar e utilizar com sabedoria os recursos naturais disponíveis.

Desejo deixar um planeta melhor para meus filhos e netos. Jamais podemos deixar de entender que moramos em um “condomínio” chamado TERRA e que ele precisa de cuidados, solidariedade, respeito, atenção e união para continuar servindo a todos.

Convido você para juntar-se na luta pela preservação do planeta terra, de sua natureza e das pessoas, da fauna e da flora, rios e mares que compõem o planeta azul.

Bem-vindo, bem-vinda.

Wellington Souza

Foto: Praia de Poças. Conde-BA, outubro 2012. Fotógrafo: Wellington Souza, acervo pessoal.


sábado, 22 de dezembro de 2012

QUEIMADAS EM CONDE-BAHIA


Queimadas em Conde-BA
Por Wellington Souza


FOTO 1

A primavera vai embora... Chega o verão e com ele alegria, calor, praia, festas, férias e... QUEIMADAS. Porque o homem, ser pensante, inteligente, capaz, resolve queimar a natureza, poluir o ar, estragar o meio ambiente, essenciais para a manutenção da sua vida e de toda a vida do planeta? Qual o prazer de ver poluída uma dádiva dada por Deus? Não entendo, não sei responder... Estou escrevendo este texto para expressar minha indignação.  


Barra do Itariri em Conde-BA - Foto: Cassio Goes 

Conde, cidade turística localizada no Litoral Norte da Bahia, possui uma área de 956 km², detentora de belas praias, rios, lagoas, cachoeiras, manguezais sofre com as queimadas realizadas por pequenos e grandes fazendeiros, que realizam grandes queimadas em seus terrenos, produzindo poluição, enfraquecimento do solo, sujeira entre outros malefícios ao meio ambiente. Conde está inserido na Área de Proteção Ambiental-APA do Litoral Norte, com um patrimônio natural fantástico que deve ser respeitado, preservado e utilizado com sustentabilidade.



FOTO 2

Além dos fazendeiros, muitos moradores realizam o mesmo ato, queimando lixo doméstico, material orgânico (capim, palhas de coqueiro, cascas de coco, restos de frutas, etc.) fruto de limpeza/capinagem de quintais ou de pequenos terrenos. O vento forte contribui para espalhar sujeiras, restos de queimadas, manchando móveis, roupas e deixando mau cheiro nas roupas do varal.  Todo dia tem um foco de incêndio...

Importante ressaltar que Queimada Agrícola trata-se de um fogo controlado, que ocorre numa hora e num local definido por um agricultor com um objetivo inserido num sistema de produção (controle de pragas, renovação de pastagens, preparo da área para plantio ou colheita etc.). Quando uma queimada agrícola é realizada em condições inadequadas ou de forma inesperada, ela pode dar origem a um incêndio na área rural. Aqui em Conde há um grande descontrole, pois se queima sem obediência as regras. Está na Constituição: todo ato que prejudica a saúde pública e o meio ambiente é criminoso. Logo, queimada é crime!

Não se sabe o porquê, mas o Poder Público Municipal, autoridades ambientais, IBAMA, nada fazem para impedir tamanha agressão à natureza, pois ano após ano as queimadas em Conde continuam, contribuindo para a redução de espécies e para o efeito estufa/aquecimento do planeta.

Basta!

Wellington Souza
Conde, BA, 22 de dezembro de 2012
¹ Fotos: Hélio Rocha 
²foto: Wellington Souza

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SALVADOR-BA E SEUS INSANOS POLÍTICOS


Sábado, 08/12/2012 às 10:39 | Atualizado em: 08/12/2012 às 10:39


Trilhas: A decadência de Salvador

Aninha Franco







Jornais baianos e paulistas focam a decadência de Salvador sem relacionar a situação atual como resultado de péssimas gestões, marcações de território desse e daquele partido, nenhum deles preocupado com o bem-estar da cidade ou de seus moradores. Assistimos a esquerda, direita, centro e partidos teocráticos urinando sobre essa terra de beleza absoluta com gestões desastradas. Por último, João Henrique, responsável por oito anos de mijadas ininterruptas, chegou com o papo cansado de que Salvador recolhe pouco e, por isso, não tem dinheiro para ser bem administrada.

A Prefeitura recolhe mais do que deveria. Muitos cidadãos, como eu, pagam impostos para evitar a inadimplência. Apenas. Pagam taxa para recolhimento de um lixo que empesta todos os bairros. Pagam IPTU sem retorno. E o que mais Salvador tem condições de recolher? Seus humanos, desqualificados para sobreviver numa cidade naturalmente completa para o turismo, mal falam português com correção. Suas intermináveis joias culturais, as festas de largo, o Carnaval, o sincretismo, são tratadas por jegues diante de igrejas e, óbvio, não podem resultar em arrecadamento.

Como é que uma cidade que pode viver bem e fartamente de sua criação cultural incessante, que jorra como água na superfície, criadora de dezenas de movimentos artísticos nacionais, não tem uma secretaria de cultura que pense, organize e fomente essa riqueza? Não adianta perguntar isso a João Henrique. Nem aos seus secretários, que nunca souberam arrecadar impostos, como gestores, porque não sabem usar sua melhor e, talvez, única riqueza para fazê-lo.

É ridículo que o Carnaval de Salvador receba dinheiro público sem retorno, para acolher milhões de pessoas durante sete dias, consumindo comida, habitação, música . Só o Carnaval da Baía, se bem-feito, pode (e deve) gerar renda para enriquecer a cidade durante o ano. Cidade que não pode ter outra indústria, senão a cultural, que tem todos os equipamentos naturais e culturais para o turismo. E que quando investiu neles, com senso, recebeu deles o dobro do que investiu.



Seca Nordestina


Seca no Nordeste é considerada a pior dos últimos 30 anos

Em Sergipe, 18 municípios estão em situação de emergência.
Sofrimento atinge mais de 100 mil pessoas.

Carla Suzanne
Poço Redondo, SE








A seca deste ano no Nordeste já é considerada a pior dos últimos 30 anos. Em Sergipe, 18 municípios estão em situação de emergência e os animais já estão morrendo por falta de água e comida.
Sobre a terra seca, o gado procura o que comer em vão. A estiagem que já dura mais de um ano levou tudo. Destruiu plantações, secou açudes e barragens.“ A fonte de sobrevivência do sertanejo é a água. Acabou a água, acabou tudo”, diz o agricultor Ailzo Barbosa.
Em Sergipe, 18 municípios estão em situação de emergência por causa da seca. O sofrimento atinge mais de 100 mil pessoas. Um dos maiores entre muitos desafios é a sobrevivência dos animais.


O bezerro respira com dificuldade e não consegue levantar. Sem água nem comida, enfraquecem e morrem aos poucos. Até a casca seca da algaroba, árvore típica do sertão, serve de alimento.

O drama abala até quem está acostumado às durezas do sertão. “Os bichos comerem árvore assim, chegarem em um pé de árvore, descascarem e comerem a casca, nunca vi”, afirma o agricultor Jorge Silva de Medeiros.


O carro de boi segue lento e traz a última remessa de palma para alimentar os animais que restam do rebanho. “Quando terminar essa daí, não tem mais o que dar, de jeito nenhum”, diz o agricultor José Wilson Silva.

Em algumas comunidades, a situação é ainda mais grave, porque até a palma desapareceu das plantações e, para alimentar o gado, o sertanejo utiliza o recurso que resta. Para isso, é preciso queimar a vegetação da caatinga.


O fogo é para eliminar os espinhos do facheiro e do Xique-Xique, cactos típicos da caatinga. É tanta fome que os animais comem em meio às brasas. Para o sertanejo, é uma escolha difícil.

"Se nós não queimarmos a caatinga, os bichos morrem. Nós acabamos com a caatinga ou acabam os bichos", explica o agricultor Manoel Messias Vieira Santos.

"Por sorte, tem essa caatinga. Se não tivesse, não tinha nem o que fazer, porque condições para comprar ração não tem", diz o agricultor José Leandro da Silva.

Disponível em: 


sábado, 15 de dezembro de 2012

O aluno precisa aprender a ser um detetive das informações





Nas aulas de biologia os alunos usam o laboratório para ver as plantas no microscópio; jogam futebol e voltam suados da aula de educação física na quadra. Por que, durante a aula de história, não estudar a Primeira Guerra lendo as cartas que os governantes trocavam? Por que não conhecer os acontecimentos do seu país acessando os documentos da época? Em entrevista ao Porvir, Sam Wineburg, professor de história na Universidade de Stanford, diz que é necessária uma “reorientação na forma de como os professores pensam seus objetivos no ensino de história, em vez de enxergar os alunos de maneira passiva na construção da memória, eles precisam ser agentes ativos na criação de suas próprias narrativas históricas”.

Wineburg foi um dos desenvolvedores do Historical Thinking Matter (Pensando assuntos históricos, em livre tradução), site que tem como proposta permitir o acesso de documentos históricos dos Estados Unidos para auxiliar o aluno na construção de seu pensamento crítico. Na plataforma, o estudante tem acesso a vídeos, documentos e notícias da invasão norte-americana em Cuba, por exemplo.


crédito Nejran Photo/ Fotolia.com


Além disso, são indicados livros que podem auxiliar na compreensão do material, mas há uma ressalva: os autores das obras possuem suas próprias intenções e pontos de vista. “O papel do professor de história é orientar os alunos através do emaranhado da complexidade, eles devem modelar um tipo de pensamento que é cada vez mais importante na era digital – onde qualquer um pode brincar de historiador e colocar uma página sobre um evento histórico”. Suas propostas de inovações no ensino utilizando a internet não se restringem ao seu país, para ele, “é absolutamente possível fazer no Brasil também”.

“O aluno precisa aprender a ser um detetive das informações”

Para comprovar os benefícios que a tecnologia pode trazer por aqui, o professor Ivan Rebuli, finalista do Prêmio Educadores Inovadores da Microsofot 2012, desenvolve o Projeto Memórias, que tem como objetivo preservar a memória da cidade de Pontal do Paraná através de pesquisas, acesso de fotografias e documentos históricos e, claro, usando a internet. “Espera-se que o aluno aprenda e perceba que a atividade de pesquisa em história possibilita a apropriação do conteúdo sob várias temáticas e múltiplos olhares, bem como se tornar um narrador-protagonista da sua própria história, disse o professor, que agora está em Praga apresentando o projeto em um congresso internacional de educação. “O aluno precisa aprender a ser um detetive das informações”, complementa, do outro lado do mundo, Wineburg.

Todo o trabalho realizado por Ivan gira em torno de ação colaborativa, uma vez que os “alunos têm autonomia para propor conteúdos, temas, novas pesquisas, para a produção científica e, finalmente, divulgar na comunidade para que a história e a memória sejam compartilhadas com o maior número de pessoas.” Essa produção em conjunto fez tanto sucesso que escapou dos muros do colégio. Hoje, após o levantamento de tantas novas informações, a comunidade passou a se envolver também na produção e, depois de replicada em diversas escolas do Estado, a iniciativa já conta com uma equipe de mais de 250 alunos divididos entre dez times.

“o novo arquivo histórico é a Internet”

Mas nem sempre a maré é assim tão favorável. Por estar em uma cidade litorânea, a equipe tinha problemas com a maresia que muitas vezes danificava os discos rígidos que continham os materiais. Foi aqui que, mais uma vez, a super-heroína tecnologia entrou em ação. “A solução encontrada pelos alunos foi utilizar o Sky Drive (plataforma de armazenamento on-line de arquivos) para salvar e compartilhar o trabalho na rede, aumentando a produtividade e tornando o trabalho mais interessante.”

Mesmo entre os mais tradicionais, o computador não sofre preconceito. Escritor de várias obras com conteúdo histórico, Sam Wineburg não hesita em dizer que “o novo arquivo histórico é a Internet.” Para ele, são negligentes os educadores que não prepararem os alunos para serem consumidores de informações históricas na web, afinal “este é o futuro do passado”.

A nossa geração acompanhou ao vivo a queda das torres gêmeas, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001. Imagine que daqui há alguns anos, os próximos estudantes de história terão a oportunidade de assistir aos vídeos na internet, exatamente da mesma forma que acompanhamos. Confira:




Faxina espacial


Suíços e russos desenvolvem sistemas para capturar e destruir parte dos 100 milhões de detritos na órbita da Terra

Juliana Tiraboschi
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Em outubro, o foguete russo Briz-M explodiu na zona orbital onde se encontram a Estação Espacial Internacional e satélites civis e militares. Seus fragmentos colocaram essas estruturas em risco de colisão. O medo de que isso ocorresse acendeu o sinal amarelo em Moscou. E iniciativas para evitar o pior começaram a aparecer.
A Agência Federal Espacial Russa, a Roscosmos, anunciou que vai investir US$ 2 bilhões em um sistema para retirar detritos do espaço. Especula-se que o equipamento colete o lixo com um tipo de aspirador e o empurre para a atmosfera. Seguindo ideia parecida, o Centro Espacial Suíço, localizado na Escola Politécnica Federal de Lausanne, saiu na frente e projetou o CleanSpace One (leia quadro). Custará cerca de US$ 10,7 milhões e ficará pronto entre três e cinco anos. Pode ser um tempo longo demais.
Há mais de 100 milhões de fragmentos na órbita da Terra. “Eles se movem a velocidades de até 36 mil km/h. Mesmo os pedaços pequenos podem causar muito estrago”, diz Gene Stanbery, diretor do escritório para detritos orbitais da Nasa. “Podemos chegar ao ponto de não ser mais viável enviar objetos para o espaço”, diz Petrônio de Souza, diretor de políticas espaciais e investimento estratégico da Agência Espacial Brasileira (AEB).
De acordo com os especialistas, não há chance de uma parte desse lixo atingir um local povoado ao cair na Terra. Muitos desses objetos em órbita sofrem a ação da gravidade e são incinerados ao reentrar na atmosfera, quando enfrentam temperaturas de até 1.000ºC. Os que sobrevivem ao calor caem nos oceanos. “Na média, um objeto reentra na atmosfera todos os dias desde o início da era espacial, em 1957, e até hoje nenhuma pessoa foi atingida”, afirma Stanbery, para nos acalmar.  

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

FIM DO MUNDO


 A 8 dias do "fim do mundo":vivemos o mundo da espetacularização

MATHEUS PESSEL


A passagem de cometas na Idade Média exemplifica o obscurantismo da época. Foto: ESO/Divulgação
A passagem de cometas na Idade Média exemplifica o obscurantismo da época
Foto: ESO/Divulgação 
Precisamos de mais educação e informação científica - só assim ideias como a do fim do mundo não ganharão força. Essa é a opinião de Ulisses Capozzoli, doutor em história da ciência pela Universidade de São Paulo (USP) e editor-chefe da revista Scientific American Brasil. Para aqueles que acreditam no ocaso da humanidade no próximo dia 21, Capozzoli já "prevê" o futuro: "No dia 22, as pessoas deveriam morrer de vergonha de acreditar em uma coisa tão tola como o fim do mundo."

Para o jornalista, os motivos para teorias apocalípticas ainda terem tanta força nos dias de hoje - afinal, 12% dos americanos acreditam neste "fim do mundo" - são muito complexos. Uma das causas são as crises atuais - como a econômica e a climática. Combinado a isso, temos as rápidas mudanças tecnológicas que ocorrem todos os dias.

"Eu acho que a gente está vivendo essa época de mudanças muito rápidas do ponto de vista tecnológico. Qualquer uma dessas geringonças que você vê compra aí de smartphone, dura um mês, dois meses. Tem outra versão, tem isso, tem aquilo. Não dá tempo de as pessoas aceitarem. (...) Se a gente der uma olhadinha, analisar, a gente vai ver que existe uma crise mais ou menos generalizada. As coisas que eram de uma maneira funcionavam de uma determinada maneira, não funcionam mais. Isso produz uma crise de identidade nas pessoas. Nesse caso, (ocorre) o retorno de, digamos, desses conceitos mágicos."

Para o editor-chefe da Scientific American Brasil, o apego a teorias apocalípticas é uma forma de "colocar ordem nas coisas". "Essa complexidade do mundo, e essa mudança, essa transformação, que a gente passa nessa época, traz às pessoas certa angústia emocional". A teoria apocalíptica, para muitas pessoas, apareceria como uma solução mágica, quase bíblica, para os problemas do mundo. Para elas, depois do "fim", viria uma "época de ouro".

"Isso acontece em escala pessoal e em escala social. Países inteiros tiveram experiências dramáticas. Se você pegar o nazismo na Alemanha, você vai ver como é que a loucura se expressou. Em termos de cultura de massa, essa cultura de massa em que a gente vive neste momento, essas soluções fáceis 'resolvem' o problema. E elas se propagam, as pessoas querem acreditar que seja assim."

Contribui para isso a falta de conhecimento, de esclarecimento científico. E Capozzoli não poupa em críticas as universidades (que não conseguiriam da formação científica para as pessoas), nem a mídia. "O noticiário que sai nos jornais, sai com muitos problemas. Outro dia, por exemplo, a moça do tempo disse que a maior proximidade da Terra em relação ao Sol, por causa da órbita elíptica, é o que causa a estação do ano. É uma coisa que a gente aprendeu na escola..."

O jornalista diz que estamos saturados de ciência de tecnologia, mas essas coisas não fazem sentido para muita gente. Ele cita uma teoria espalhada pela internet de que o planeta Marte estaria se aproximando da Terra e chegaria a um ponto de ficar do tamanho da Lua Cheia. "Isso é uma evidência muito clara de que as pessoas não têm a mínima, mas não têm a mínima ideia de como as coisas funcionam. Qual força que vai deslocar Marte da órbita dele para chegar próximo da Terra? Se você tivesse uma coisa dessas, você tumultua o Sistema Solar inteiro. Não tem pé, não tem cabeça, não tem a mínima possibilidade."

"A gente vive um mundo da espetacularização, da superficialidade total das coisas. Você abre o jornal e está escrito lá que a fulaninha está com o namorado na praia. Gente sem nenhuma importância. Ou a coisa dos 'famosos'. Cara, ninguém está interessado nos famosos. Você quer uma informação que tem certa relevância social. Que te explique um pouco porque a terra treme. Porque o céu é azul. Isso te insere na natureza. Isso diz respeito à sua vida, onde você está, o que você está fazendo. Se você fizer uma enquete na rua, você vai descobrir que as pessoas não têm a mínima ideia. As pessoas não sabem que o Sol é uma estrela! É um analfabetismo científico. Uma crueldade enorme. É uma impotência da ciência em se aproximar das pessoas."

Retorno à Idade Média

Para Capozzoli, um fenômeno como o de 2012 traz como perigo o retorno a um pensamento místico por parte da população, algo que ocorria muito na Idade Média, antes de Isaac Newton explicar o movimento dos corpos celestes.

"Antes disso, toda vez que aparecia um cometa no céu, os padres badalavam os sinos da igreja e anunciavam o fim do mundo. Eles fizeram isso inúmeras vezes. O que acontecia: as pessoas, especialmente as pessoas mais ricas, iam lá e faziam doações. E os padres aceitavam, apesar de o mundo estar perto de acabar. É um terrorismo barato. (...) O que está acontecendo agora é um retorno desse pensamento mágico."
A era da internet

A internet é uma ferramenta com muito potencial. Mas a maior parte do que encontramos na rede em nada contribui para a formação do pensamento crítico das pessoas. O editor-chefe chama boa parte do conteúdo da web de "tolices, as mais imbecis", coisas que se escreve nas paredes de banheiro público. "Mas não quer dizer que a internet seja só lixo. O problema não é a internet em si, mas o uso que a gente faz dela. Você encontra conteúdos interessantes."

"A busca de informação mais relevante depende do nível daquele que está precisando. Como todo mundo tem acesso, você vê, nessas coisas do dia a dia, nos comentários: primeiro os caras não sabem escrever. E as opiniões são quase sempre rasas, as mais simplórias."
Esoterismo e realidade

Para o jornalista, o esclarecimento científico acaba com o esoterismo e outras ideias míticas. Capozzoli afirma que a natureza é espetacular o suficiente para que não precisemos de coisas mágicas. "Não preciso de um esoterismo. A realidade é maior que qualquer esoterismo que eu possa criar."

"No fundo, a ciência que está aí e que explica coisas fascinantes não está ao alcance mínimo das pessoas, e elas são mantidas em uma ignorância. Ou as pessoas, para ter algum amparo, algum sentido na vida, elas correm para a igreja, ou elas ficam desamparadas. A gente nem pode censurar, ninguém pode criticar alguém por ter uma religião. É um direito natural dela. Agora, quando é exploração (...) você tem uma grande carência, as pessoas acreditam em qualquer tolice, qualquer coisa que seja fácil de imaginar."
Depois dos maias

Para quem ainda acredita no fim do mundo supostamente previsto pelos maias, Ulisses Capozzoli dá um recado: "No dia 22, todas as pessoas que acreditaram nessa tolice deveriam fazer uma reflexão com elas mesmas: 'como eu pude acreditar numa ideia tão besta?' E em todas as manhãs que vierem, que elas olhem a beleza do céu. Olhem o Sol nascendo. Que compreendam minimante o funcionamento e a manifestação da natureza para que elas não fiquem presas ao obscurantismo da Idade Média."

FONTE: http://noticias.terra.com.br/ciencia/fim-do-mundo/noticias/0,,OI6375972-EI21082,00-A+dias+do+fim+do+mundo+vivemos+o+mundo+da+espetacularizacao.html

Adiantado, vídeo da Nasa explica por que o mundo "não acabou"


A Nasa - a agência espacial americana - divulgou com 10 dias de antecedência um vídeo no qual explica por que o mundo "não acabou" no dia 21. "Se você está vendo este vídeo, isso significa uma coisa: que o mundo não acabou ontem", diz a publicação.
O vídeo divulgado na quarta-feira no canal da agência no Youtube explica que toda a onda de "fim do mundo" começou por um equívoco relacionado aos textos maias. A agência cita John Carlson, diretor do Centro para Arqueoastronomia da Universidade de Maryland, que explica que nenhum texto maia cita o fim do mundo em 21 de dezembro de 2012.
Para Carlson, que estuda o "fenômeno 2012" há 35 anos, o calendário maia, na verdade, não acaba no dia 21. O cientista explica que o calendário maia é o mais complexo conhecido e funciona como o odômetro de um carro. Ele gira e, quando todas as rodas terminam suas voltas, elas retornam a zero. O que vai acontecer agora é o fim de um grande ciclo ("baktun"), mas não há nenhuma profecia apocalíptica ligada a isso, apenas o começo do próximo ciclo.
Além disso, teorias como a de que um planeta está se aproximando e irá colidir com a Terra também são refutadas - afinal de contas, se um planeta estivesse próximo, ele já estaria bem visível no céu.
Adiantado, vídeo da Nasa explica por que o mundo 'não acabou'

Mudança do clima é apenas um dos problemas ambientais


Posted: 12 Dec 2012 08:57 PM PST
A humanidade terá que se adaptar à mudança do clima, como nossa espécie já fez no passado 

NASA/Trent Schindler and Matt Rodell
Depleção de águas subterrâneas

Os satélites que compõem o Gravity Recovery and Climate Experiment
 (GRACE) podem ver a diminuição dos reservatórios de águas subeterrâneas de grandes aquíferos como consequência das secas e da atividade humana. Através dos dados de GRACE, os cientistas descobriram que os níveis de águas subterâneas na Índia caiu 33 centrímetros na região entre os anos de 2002 e 2008. e concluíram que a perda decorre quase exclusivamente da atividade humana. 

“A realidade deve ter precedência sobre as relações públicas, porque a natureza não pode ser enganada” – do físico Richard Feynman, no relatório final sobre o desastre daChallenger

Desde o início de sua existência na Terra, a vida tem que lidar com a mudança ambiental, especialmente a mudança climática. Espécies se adaptam ou são extintas, e as duas coisas já aconteceram.

Para formas de vida com nossos tipos de células – eucarióticas, o tipo que tem organelas distintas – a existência média de uma espécie é de aproximadamente um milhão de anos e, em média, uma espécie é extinta a cada ano, pelo menos em se tratando das espécies que batizamos e conhecemos, incluindo as que só conhecemos de registros fósseis. 

Organismos se ajustam à mudança ambiental de três maneiras, da mais rápida para a mais lenta: comportamentalmente, fisiologicamente, e geneticamente.

O ecologista Larry Slobodkin costumava demonstrar as duas primeiras fazendo uma brincadeira durante suas palestras ao jogar um pedaço de giz para um de seus alunos. O aluno desviava ou pegava o giz e Larry ensinava que essa era a resposta comportamental, a primeira e mais rápida. Passados 20 segundos, o aluno corava demonstrando o segundo, o fisiológico.

As reações, explicava ele, não eram apenas relativamente rápidas, mas usavam pouca energia em uma população. Se esses ajustes não fossem bem sucedidos, a composição genética de uma população poderia mudar e a transmissão de genes à geração seguinte poderia dar origem indivíduos com características melhor ajustadas ao ambiente modificado, num processo obviamente muito mais lento.

Organismos individuais móveis migram como forma de se ajustar ao clima. Plantas e outras espécies não-móveis se ajustam com sementes ou outros propágulos que se deslocam facilmente. Vento, água e animais fornecem a maior parte do transporte.

Em qualquer população existe uma mistura de tipos genéticos e, como explicou Darwin há muito tempo, aqueles melhores adaptados ao clima do momento deixam uma prole maior do que os menos adaptados, e com o tempo uma população evolui para se adequar ao novo clima.

Mas esse ajuste genético leva tempo, e como o clima está sempre mudando, pode ser que a qualquer momento uma população esteja se ajustando geneticamente a um clima que esteve presente, mas que passou ou estava passando. Isso era, e é, uma dança eterna. Populações nunca estão exatamente em harmonia perfeita com seu ambiente atual.

Se a taxa de mudança ambiental é rápida demais, populações não conseguem se adaptar e são extintas. Lidar com mudanças ambientais sempre foi parte de estar vivo.

O homem primitivo era parte dessa dança entre vida e ambiente. O Homo erectus, o primeiro de nosso tipo a deixar a África, provavelmente teria migrado naturalmente. Eles podem não ter pensado nisso como sendo uma migração em sentido moderno; iam para onde o ambiente, incluindo as fontes de alimento e água, era melhor. A mudança ambiental era simplesmente natural, e mudar com ela também era.

Com o início da civilização e a construção de abrigos que podiam durar muito tempo, e com investimentos de tempo e esforço em campos agrícolas, bem como a descoberta de fontes específicas de minerais e a construção de minas para obtê-los, a vida das pessoas mudou e surgiu o desejo de estabilidade .

O estabelecimento dos direitos de propriedade e fronteiras nacionais (começando com fronteiras territoriais estabelecidas por tribos) aumentaram a necessidade e o desejo pela constância de local e ambiente.

Pode-se argumentar que a nossa espécie é a que mais precisa e mais deseja a constância, e que por isso formou visões de mundo que não apenas requerem a constância ambiental, mas que a transformaram em uma crença fundamental, um modo de vida, uma série de mitos. 

Quanto mais tecnológica e legalmente avançada é uma civilização, maior é sua necessidade e desejo por estabilidade ambiental, por um equilíbrio da natureza. Daí nosso dilema moderno frente à mudança climática.

Em vez de alegar que o mundo é constante exceto por nossa pecaminosa interferência nele, precisamos reconhecer e encontrar maneiras de conviver com a mudança ambiental.

Isso pode incluir fazer nosso melhor para deter ou desacelerar essa mudança, como fazemos no curto prazo com a irrigação agrícola, estabilizando a “precipitação”, por assim dizer.

Quanto mais trabalhamos para forçar uma constância ambiental para nossos arredores, mais frágil se torna a constância e maior é o esforço e a energia que elas requerem.

O uso de água do subsolo para a irrigação de plantações ilustra essa fragilidade. Grandes aquíferos que precisaram de muitos milhares de anos para se formar estão sendo depletados pela irrigação de plantações em intervalos de tempo comparativamente curtos – décadas ou séculos.

Um grande exemplo dessa depleção é o aquífero Ogallala (também chamado de aquífero das Planícies Altas), que se estende da Dakota do Sul até o Texas. Ele armazena uma quantidade imensa de água, e é a principal fonte hídrica da área. Seu uso começou nos anos 1940. Hoje a água é retirada até 20 vezes mais rápido do que a reposição naturalmente reposta. No sudoeste do Kansas e em um trecho de terra (panhandle) do Texas ocidental, diz-se que os suprimentos podem durar apenas mais uma década.

Lower Cimarron Springs, famosa no século 19 como fonte de água ao longo do Caminho de Santa Fé, secou décadas atrás devido ao bombeamento de água do solo. Milhões de dólares serão necessários para encontrar fontes alternativas. 

Atingir a estabilidade de curto prazo ao custo da fragilidade de longo prazo é uma troca tem um preço. Faz mais sentido que as primeiras civilizações, como Egito e Pérsia, estivessem mais estabelecidas a jusante de um sistema de rios com um fluxo que variava anualmente, mas era relativamente constante comparado a grande parte das terras circundantes. 

Quando dou palestras sobre as harmonias discordantes da natureza e sobre minhas opiniões mutantes sobre o aquecimento global, uma resposta comum é “Por que se importar em apontar isso? Todo mundo acredita no aquecimento global, e fazer alguma coisa sobre isso não estraga nada e só pode trazer benefícios”.

Em nosso mundo real, a opção por uma ação significa que outras ações não serão tomadas. Estamos bem conscientes, nesses dias de limites mundiais de capital e financiamento que devemos escolher cuidadosamente o que fazer. Esse é o problema.

Falta aos debates sobre o aquecimento global situá-lo dentro do conjunto de grandes problemas ambientais e estabelecer prioridades com base no que pode ser feito, no que precisa de ações mais imediatas, e no que é mais importante.

Além dos possíveis efeitos sobre o clima, atividade humana está reduzindo a diversidade biológica geral através de atitudes que incluem (não em ordem de prioridade) a destruição de habitat; a super-exploração de recursos renováveis vivos; a poluição química; a remoção de água do subsolo; a depleção de recursos minerais necessários à vida, especialmente fontes de fosfato; e a introdução de espécies exóticas que prejudicam outras espécies e são indesejáveis de nosso ponto de vista, e simplesmente fazem com que outras espécies fiquem ameaçadas de extinção.

Esses são problemas do tipo “aqui, agora”. Além disso, às vezes ações que supostamente ajudarão a mitigar ou a reduzir o aquecimento global criam ou pioram outros problemas ambientais.

Por exemplo, na Indonésia, 44 milhões de acres (18 milhões de hectares) de florestas tropicais foram cortados para plantar palmeiras para produzir óleo de palma que será usado como biocombustível. Isso é justificado como sendo bom para o ambiente porque deve reduzir emissões de gases estufa e, portanto, deve reduzir a taxa de aquecimento global. Mas essa destruição de habitat põe orangotangos e tigres da Sumatra, já ameaçados de extinção, ainda maisem perigo.

Enquanto poucas, se é que alguma, organizações ambientais serão enganadas pela alegação de que isso será benéfico para o ambiente, a União Europeia e o governo da Malásia estão considerando o que fazer com o biocombustível dessas plantações, levando a sério a possibilidade de que usar esse combustível em carros e caminhões na Europa contrabalanceará parte da produção de gás estufa desses veículos e que por isso é justificada e, em geral, ambientalmente segura.

Isolar o aquecimento global de outros problemas ambientais é uma abordagem que privilegia um fator, o que tem sido muito comum nas decisões de política ambiental.

A Clean Water America Alliance, por exemplo, lembra que o uso de recursos hídricos requer energia considerável, mas o uso de água e de energia são tratados como problemas separados na maior parte das análises de políticas ambientais.

Como o aquecimento global recebe tanta atenção e tanto financiamento, abordar um único fator é um aspecto particularmente importante da análise política desse problema.

Em muitos casos, ações que ajudam a resolver outro problema ambiental também podem ser benéficas para reduzir efeitos indesejáveis da mudança climática.

Discuto em Powering the Future: A Scientist’s Guide to Energy Independence (Energizando o Futuro: O guia de um cientista para a independência energética, literalmente), por exemplo, que o abandono de combustíveis fósseis em direção à energia solar e eólica reduz a contribuição humana de gases estufa para a atmosfera enquanto também reduz a destruição de habitat (da mineração de combustíveis fósseis) e a poluição do ar, da água, e dos oceanos (da mineração, processamento e queima desses combustíveis), beneficiando a biodiversidade e a saúde e bem-estar humanos.

O mesmo pode ser dito de um afastamento de usinas nucleares baseadas em fissão, cujas substâncias tóxicas duram até milhões de anos (o governo dos Estados Unidos está procurando um sinal de alerta que mantenha as pessoas longe de depósitos de resíduos nucleares por 10 mil anos).

A politização e as crenças movidas por ideologias sobre o aquecimento global dos dois lados do problema evitam um exame ponderado e racional de onde ações para mitigar o aquecimento global poderiam se encaixar em um conjunto de prioridades.

De fato, simplesmente alegar que essa priorização é possível já leva a uma mudança em pontos de vista e provavelmente frustrará muitos que acreditam que o aquecimento global já é uma realidade presente e futura com efeitos desastrosos.

Precisamos ser capazes de colocar a discussão em um contexto racional. Entre outros aspectos desse contexto, nós precisamos, como escreveu Thomas Friedman em 14 de setembro de 2011 no New York Times, “começar a dar passos, como incitam nossos cientistas, ‘para controlar o inevitável e evitar o incontrolável”. Não apenas na mudança climática, mas para estabelecer uma abordagem integrada e multifatorial para nossos maiores problemas ambientais.

Excerto de The Moon in the Nautilus Shell: Discordant Harmonies Reconsidered, por Daniel B. Botkin. Oxford University Press, 2012. Copyright © 2012. Reimpresso com permissão. 
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